...Estamos sós num universo agreste, e temos consciência da brutalidade dessa solidão. Fomos, desde sempre, educados para a autonomia, o desempenho e, em caso de necessidade, para o heroísmo. Aprendemos desde crianças a resistir à mágoa dos pormenores. Não nos iludimos, nem crescemos na esperança das ocasiões felizes. Fomos treinados para transformar os desgostos em acasos, e para sufocar na rotina do trabalho. Não exigimos aos outros um comportamento ético exemplar; guardamos as forças da exemplaridade para as grandes guerras, os momentos de catástrofe, se os houver...
Inês Pedrosa - Os íntimos
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